A EVOLUÇÃO HUMANA

Recentemente li o livro PORQUE A GENTE É DO JEITO QUE A GENTE É? do Consultor Eduardo Ferraz publicado pela Editora Gente. Transcrevo neste artigo algumas lições apreendidas com os estudos do autor. Recomendo a sua leitura acompanhado de outras referências que tratam de estudos sobre a personalidade e autoconhecimento, a exemplo do livro DESCUBRA SEUS PONTOS FORTES da Editora Sextante, o qual postarei um artigo em breve aqui. Como são muitas lições e aprendizados, hoje postarei apenas uma parte do livro que trata especificamente sobre a Evolução Humana. Seguem algumas idéias de Eduardo Ferraz no livro citado: 

O SER HUMANO E OS PRIMATAS 
O primatólogo Frans de Waal diz que o Homo sapiens parece, se move, respira, tem a fisiologia e também uma mente parecida com a dos primatas e afirma que “consciente ou inconscientemente exibimos expressões faciais e comportamentos sociais em muitos casos idênticos ao de chimpanzés”. Assim como os humanos, chimpanzés lutam pela liderança, conspiram em busca de apoio, montam complôs, têm inveja, sentem medo e são egoístas. 

Para entender melhor essa questão sugiro que o leitor assista o vídeo postado aqui no blog no artigo PRIMEIRO ENCONTRO ENTRE UM HOMEM BRANCO E TRIBO NÔMADE

Pesquisadores que estudam o DNA de grandes primatas, estimam que entre 5 e 7 milhões de anos atrás um grupo de animais da mesma espécie se dividiu e deu origem a 3 grandes linhagens: os gorilas, os chimpanzés e os humanos. Uma das conclusões é de que o código genético dos humanos é 98,5% idêntico ao dos chimpanzés. Isso mostraria como as duas espécies são muito próximas e, portanto, têm uma origem comum. O processo de seleção natural, que culminou nos humanos atuais, foi tremendamente complexo, lento, desgastante e persistiu por mais de 200.000 gerações. 

Entre 150.000 e 200.000 anos atrás, a evolução gerou uma “nova versão” do Homo erectus: a nossa atual espécie, o Homo sapiens. Essa versão semiacabada do ser humano ainda tinha o cérebro um pouco menor que o atual, mas já dominava o fogo e fabricava ferramentas de pedras polidas e afiadas. 

O SER HUMANO ATUAL 
A configuração física e mental do ser humano atual começou seu último estágio de evolução há cerca de 50.000 anos “apenas”. Os dados arqueológicos mostram que nessa época nossos ancestrais viviam em bandos de 20 a 30 indivíduos. Eram caçadores/coletores, deslocavam-se o tempo todo e tinham pouquíssimos filhos, porque era difícil alimentá-los. Conviviam em ambientes extremamente perigosos. Enfrentavam escassez de alimentos, clima gelado e predadores ferozes. Nossos ancestrais tinham menor força física, menor velocidade, dentes pequenos, olfato rudimentar e visão limitada quando comparados aos predadores, e mesmo aos grandes herbívoros. Tampouco voavam ou respiravam debaixo d´água. Seus filhotes demoravam anos para se virarem sozinhos, enquanto um filhote de zebra ficava independente em semanas, o filhote de leão, em meses. 

Ainda assim, com todas essas desvantagens, o ser humano conquistou um feito que nenhuma outra espécie de grande porte jamais conseguiu. Adaptou-se a todos os ambientes do planeta: desertos, geleiras, montanhas, florestas e savanas. Dominou o mundo devido a um grande diferencial: o aumento e o desenvolvimento do cérebro. 

Nessa época o ser humano provavelmente desenvolveu a habilidade de construir abrigos em climas gelados e de se comunicar verbalmente, e começava a ter uma constituição física e mental muito parecida com a que tem hoje. Usava melhor o cérebro, mas ainda agia como animal. 

A evolução se deu lentamente, com os humanos se espalhando pelos cinco continentes, mas ainda vivendo como nômades, em pequenos bandos, até que, finalmente por volta de 13.000 anos atrás, aconteceu um fato que mudou de forma espetacular seu estilo de vida. Terminou a última Era Glacial e começou o que os geólogos chama de Era Recente. 

A temperatura média do planeta subiu, geleiras descongelaram-se, solos ficaram mais férteis e a quantidade de alimento aumentou. O homem deu início à agricultura rudimentar, espalhando e colhendo sementes de trigo e arroz. Os primeiros animais, como a cabra e o porco, começaram a ser domesticados. Nossos ainda pouquíssimos ancestrais começaram a ficar sedentários. Os pequenos bandos começaram a se agrupar para viver em aldeias. Com a agricultura e a criação, era possível ter mais filhos. Teve início a propriedade privada e, com ela, surgiram a luta pelo poder, os chefes, a burocracia, os níveis hierárquicos e o crescimento demográfico. Em suma, as bases da sociedade organizada.

O Cientista Robert Winston faz uma comparação da história humana com o comprimento de uma corda, nas seguintes proporções: 

· 5 milhões de anos (quando começamos a jornada) equivalem a cerca de 100 metros de corda; 

· 13.000 (teve início a agricultura e, portanto, as primeiras aldeias) equivalem a 20 centímetros; 

· 100 anos (quando começaram os avanços tecnológicos) equivalem à ponta de um lápis. 

ESTUDOS DO DNA 
Como se vê, o ser humano tem apenas cerca de 0,001% de sua história como “gente minimamente civilizada”. Portanto, em 9,999% dessa jornada, o ser humano foi um animal primitivo que, muitas vezes, esteve próximo da extinção. 

Com os estudos do DNA nos últimos 20 anos tem se concluído que não há raças, que somos todos, rigorosamente da mesma espécie. 

Entre 150.000 e 200.000 anos atrás, as pressões ambientais foram tão extremas que poucas centenas de indivíduos sobreviveram. Quando estavam muito, mas muito próximos da extinção total algo mudou. Esse pequeno grupo de ancestrais conseguiu reproduzir-se, espalhar-se e dominar o mundo. Somos todos descendentes desses pouquíssimos sobreviventes pré-humanos. 

O autor mostra que as pressões às quais o ser humano foi exposto durante 5 milhões de anos de evolução deixaram nele fortíssimas marcas físicas e mentais. Assim, essas características ainda se manifestam em forma de pensamentos, comportamentos e ações semelhantes àquelas que tinham nossos ancestrais. Sucesso significava interpretar rapidamente o ambiente para permanecer vivo. Para sobreviver, o homem obrigava-se a pensar em curtíssimo prazo, e quase nunca a planejar. 

O corpo do ser humano moderno reage instintivamente como reagia há milhares de anos. Esses instintos continuam muito fortes! Instintos são comportamentos que não são resultado do aprendizado nesta geração, mas da evolução da espécie. 

A neurocientista Jill Taylor explica que as “camadas mais profundas do córtex cerebral constituem as células do sistema límbico. São essas células que o homem tem em comum com outros mamíferos e, em especial, com seus antepassados pré-humanos. É a área do cérebro chamada de reptiliana ou cérebro emocional.” 

O interessante é que o sistema límbico funciona durante a vida inteira, mas nunca amadurece. Quando nossos sensores emocionais são ativados (situações que acionam os instintos), agimos da mesma forma que nossos ancestrais das cavernas, ao tomar um grande susto, por exemplo. Essas reações foram impressas no ser humano, há milhares de anos. 

Em 2001, a conclusão do Projeto Genoma concluiu que o código genético humano tem uma lista de mais de 3 bilhões de letras em diferentes combinações, e nesse código está a receita para o desenvolvimento físico e mental da pessoa. De cada 10.000 letras de nosso código genético, apenas uma letra será diferente de uma pessoa para outra. Essas minúsculas diferenças respondem por grande parte das diferenças entre as pessoas, tais como altura, cor dos olhos, predisposição para algumas doenças, personalidade e centenas de outras características. Como diz Eduardo Ferraz, uma letra a cada 10.000 nos faz diferentes, mas 9.999 letras nos fazem iguais.



Esse resultado final extremamente elaborado, que somos nós seres humanos, levou milhões de anos para ser preparada, não sendo tão simples alterar alguns dos elementos que compõem esse resultado. Carregamos uma bagagem genética que já vem pronta e que somos praticamente “obrigados” a usar pela vida toda. Não podemos descartá-las de uma hora para outra mas podemos escolher, deixar de usar algumas, usar outras com maior frequência, ou combiná-las num novo e particular estilo de vida mais saudável e civilizado. 

A NECESSIDADE DE AUTOCONHECIMENTO
Na Pré-história o estresse ocorria em situações extremas. O estresse atual virou estilo de vida. A competição por espaço profissional, a etiqueta social, a obcecada procura pelo acúmulo de bens, dentre outras necessidades, são relativamente recentes – menos de 13.000 anos – e ainda estamos nos acostumando a elas. Leia os artigos com base no livro QUEM QUER SER FELIZ? 

Para entender mais sobre a necessidade de autoconsciência sugiro a leitura do artigo O HOMEM À PROCURA DE SI MESMO. 
Qual tem sido o efeito do aumento considerável de catástrofes, desastres ambientais e situações de convivência urbana cada vez mais drásticas como assaltos, seqüestros, vandalismo coletivos, revoltas populares? Não estaríamos, uma vez mais, à beira de um novo salto evolutivo em que temos que aprender a nos adaptar para não sermos extintos? 
Caso essa pergunta lhe pareça um pouco exagerada, sugiro que leia o artigo O PALHAÇO DE KIERKEGAARD E A CRISE CLIMÁTICA. 
(adaptado do Livro: Porque a Gente é do jeito que a Gente é? Do autor Eduardo Ferraz. Editora Gente)

PRIMEIRO ENCONTRO ENTRE HOMEM BRANCO E TRIBO NÔMADE

No vídeo abaixo (primeiro de uma série sobre esses nativos), disponibilizado pelo Jornal Opção, o diretor belga Jean-Pierre Dutilleux e sua equipe, foi registrado o primeiro encontro de integrantes da tribo Toulambi com o “homem branco”.

A Tribo Toulambi é a tribo nômade mais isolada do mundo. Os seus habitantes são nativos da Papua-Nova Guiné,  na Oceania. Eles tiveram seu primeiro contato com europeus em 1976.
As  suas reações ao ver um homem branco são emocionantes.  Preste atenção na pureza dos olhares e expressões! Um misto de curiosidade e espanto move-os, como se ali encontrassem um grande perigo. Eles avançam e recuam, procurando sempre ficar a uma distância segura. Com a respiração acelerada,  o medo sempre presente, aproximam-se com cuidado e desconfiança, e,  quando vencem a resistência inicial, passam a mão, sentem os músculos do desconhecido para, enfim,  acreditar que aquele homem é igual a eles por baixo daquela pele tão alva. Depois eles tocam seguidas vezes  em várias partes do corpo (braços, pernas, cabelo), como se quisessem garantir que eles são realmente ‘de verdade’.  Dá impressão que eles pensaram que se tratava de um encontro com alguém morto, tanto assim que, logo depois de perceber que o humano estava vivo, eles tentaram limpar a pele pensando se tratar de cinzas ou algo do tipo.
Interessante ver como eles reagem ao primeiro contato com o espelho (literalmente um artefato de outro mundo para eles), objetos industrializados (facas, objetos de plástico). E, mais adiante no vídeo,  quando o homem branco serve arroz para eles nada incrível acontece até que ele adiciona sal, então o gosto deixa o “índio” surpreso. Momento mágico!

Agora, o mais tocante e bonito é que  um aperto de mãos, um dos mais antigos gestos da história da humanidade, rompe o medo e os une.

É um exercício interessante, colocar-nos na situação deles. Como seria ver alguém diferente do que estamos acostumados a ver... seja em sua aparência ou em sua cultura.

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